
O projeto literário de Conceição Evaristo se insere numa linhagem de escritoras negras que já formam uma pequena tradição que vai de Carolina Maria de Jesus a Geni Guimarães, passando por Ana Cruz e Ana Maria Gonçalves, entre outras. O tratamento narrativo de suas personagens femininas privilegia a beleza, o dom, o amor e a sexualidade, sem perder de vista as dificuldade que essas mulheres pobres, vivendo na periferia, têm de enfrentar em seu cotidiano. Conceição sublinha, através da intriga, a historicidade da pobreza e da marginalização de suas personagens, cuja raiz reside no passado de escravidão e no presente em que o racismo persiste de maneira ignóbil.
Eurídice Figueiredo